Achei super interessante esse artigo escrito por João Paulo Cunha e editado por Frederico Santana em uma coluna do jornal Brasil de fato em 2017, mas o artigo é muito bom e merece ser divulgado de lá para cá, já se passaram quatro anos, as o texto parece atual, saboreie amigos.
"Onde tem Globo tem mentira"
A Rede Globo de Televisão, cabeça de um negócio midiático bilionário, é hoje a grande reserva ideológica da desigualdade brasileira. Sua capacidade de concentrar a atenção de milhões de brasileiros se construiu em torno de uma audiência garantida por um mercado defendido do risco da competição e do controle público. E não é de hoje. Apoiadora da ditadura militar e de todos os movimentos antipopulares desde então, a empresa se confunde com o próprio projeto de Estado da burguesia nacional e internacional.
O curioso é que o padrão global estabeleceu um jogo complexo que funde acabamento técnico e indigência intelectual. Tudo que não é politicamente orientado é estético demais. Em todos os campos em que atua, o estilo da emissora emite seus sinais. Em seus primórdios, essa aparente contradição entre forma e conteúdo não se estabelecia com clareza. A programação podia, sob censura, ser nitidamente reacionária e colaboracionista, como no programa Amaral Neto, o repórter, que ajudou a vender a ideia de Brasil grande durante os anos de chumbo.
A evolução da linguagem televisiva se fez, no entanto, sempre com a astúcia de esconder sua inspiração sob a capa de um padrão de qualidade, mesmo que questionável. O melhor exemplo foram as telenovelas, que estabeleceram um estilo de dramaturgia histérico e alienado, que foi sendo recheado com o tempo com pitadas de contradição, acompanhando a reboque a sociedade. Como pretensa arena pública das questões comportamentais, as novelas hoje exibem um apanhado mal cozido de marketing social e conflitos éticos, com traços de modernidade tolerante. Sem questionar as estruturas, se consola em debater temas sociais como se fossem