19 de novembro de 2019

O que as mudanças tarifárias no Brasil significam para os fabricantes americanos


Depois de décadas protegidas por políticas econômicas fechadas, o Brasil está mudando seu rumo no comércio. O governo do presidente Jair Bolsonaro está cortando as tarifas de importação de mais de 2.300 produtos - reduzindo alguns para zero de até 20%.

Para empresas locais acostumadas ao protecionismo, a mudança de política significa ser forçada a se adaptar aos desafios do livre comércio. Para os fabricantes americanos, no entanto, a oitava maior economia do mundo tornou-se uma nova oportunidade.

Por que o Brasil está mudando sua política comercial?

A longa história do protecionismo no Brasil sufocou o crescimento econômico sustentável por décadas. Com taxas duas vezes maiores do que no México, China e União Européia (UE) no ano passado, as tarifas do país prejudicam as empresas locais que precisam importar suprimentos para fabricar seus produtos.

Não apenas isso, mas o governo bateu enormes preços em produtos, equipamentos e tecnologia concorrentes que simplesmente não podiam ser encontrados no Brasil. As tarifas de caminhões e ônibus, por exemplo, atingiram cerca de 132% do preço final, enquanto os iPhones vendidos no Brasil custam em média 50% a mais do que os vendidos nos EUA. 

Embora tenham sido concebidas para proteger indústrias locais, essas políticas acabaram servindo para punir as empresas locais por importar peças necessárias para a produção ou tomar ações progressivas, como atualizar sua tecnologia para permanecer competitiva - afastando-as das cadeias de suprimentos globais.
 
O que a mudança de tarifa significa para o resto do mundo?

A redução de tarifas é um passo em direção à meta do Brasil de voltar à economia global. Em junho de 2019, a união aduaneira do Mercosul, composta por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, chegou a um acordo com a UE representando um bloco comercial de US $ 21 trilhões de 780 pessoas - o maior do mundo. 

O acordo, que deve levar cerca de dois anos para ser implementado com a aprovação dos legisladores de 32 países, abriria o resto do mundo à maior economia da América Latina. Enquanto isso, o Brasil está buscando acordos comerciais adicionais com vários outros países, incluindo Coréia do Sul, Canadá e EUA.

O que significa a alteração tarifária no Brasil para fabricantes sediados nos EUA?

A mudança de política do governo Bolsonaro é uma tentativa de atrair investimentos externos e fortalecer os laços com indústrias estrangeiras. De acordo com os dados mais recentes disponíveis no Departamento de Comércio dos EUA, as exportações de bens e serviços dos EUA para o Brasil apoiaram cerca de 308.000 empregos em 2015, número que aumentaria com um novo acordo bilateral.

Um estudo do Conselho Empresarial Brasil-EUA projeta que um acordo comercial abrangente poderia render um ganho líquido de 100.000 empregos nos EUA, um aumento de 78% nas exportações dos EUA para o Brasil e uma expansão de US $ 24 bilhões no produto interno bruto dos EUA.

Em meio a negociações comerciais aprimoradas, as exportações dos EUA para o Brasil aumentaram 7,96% nos primeiros nove meses de 2019, em comparação com o mesmo período do ano anterior. As cinco principais exportações dos EUA para o Brasil, responsáveis ​​por 42,68% do valor total das exportações para o país até setembro de 2019, foram:

Gasolina e outros combustíveis
Aeronaves civis e peças
Carvão e briquetes 
Óleo 
Inseticidas e fungicidas

De acordo com os últimos números anuais disponíveis, o superávit comercial dos EUA com o Brasil foi de US $ 7,65 bilhões. À medida que as negociações comerciais progridem, os fabricantes com maior visão de futuro - particularmente nesses setores - devem monitorar de perto as oportunidades emergentes no Brasil e prontos para reivindicar suas reivindicações assim que o mercado for desbloqueado.